O post de hoje vem falando sobre um documentário reality, mas também sobre muito mais que isso. Hoje vamos fugir um pouco de apenas comentar algo televisivo. Vamos falar sobre transexualidade, através do novo programa do canal E!, I Am Cait, e aproveitar o gancho para discutir mais sobre o assunto.

 I Am Cait é um reality documentário sobre a vida de Caitlyn Jenner, que passou pelo processo de mudança de sexo para assumir finalmente seu verdadeiro ser, e se tornar porta voz ativa da comunidade transexual.



  Muitos conhecem a família Kardashian e seu reality exibido também pelo canal E!. O patriarca e grande atleta do passado, Bruce Jenner é a nossa nova diva Caitlyn Jenner. Com uma roupagem totalmente distinta e um tom muito mais sério e sentimental, I Am Cait mostra o nascimento exterior de Caitlyn. Sua adaptação, as reações familiares e públicas em relação à sua mudança de sexo, e como com toda essa mudança Cait ainda veio para dar mais voz à comunidade transgender.



Eu enxergo desse jeito: Bruce, sempre mentindo. Ele viveu uma mentira sua vida inteira sobre quem é. Eu não posso continuar com isso.

  O primeiro episódio se chama Meeting Cait e baseia-se exatamente nisso. Cait recebe suas duas irmãs e sua mãe, logo de cara no reality! Obviamente super aflita, mas se mostrando confiante e com um bom humor e uma auto estima totalmente revigoradas. É notável o conforto que Cait sente em ser quem sempre foi, e não ter mais de esconder.

 Uma de suas irmãs revela que cerca de 30 ANOS atrás Cait já havia confidenciado sua angústia e sua necessidade de ser quem é de verdade. Mas ela viu o episódio como uma “fase”, que só agora virou realidade. Cait revela que pensou em cometer suicídio, em acabar com todo esse sofrimento. Já a mãe de Cait se mostra realmente sentida pela filha nunca ter se aberto com ela e com toda essa mudança, que ela não consegue digerir totalmente.



  As quatro se reúnem com a especialista em conversas familiares de aceitação, Susan Landon. A mãe se mostra bastante confusa e cita passagens bíblicas, tentando aceitar e entender como pode ser correto “perder um filho e ganhar uma filha” numa mesma pessoa.



  Mas o mais importante é que mesmo atordoada ela quer aceitar Cait e diz que amou o seu filho e ama sua filha, pois sua essência, sua alma, permanece a mesma.



  Caitlyn se mostra bastante preocupada e engajada na causa trans. Ela assiste a um vídeo juntamente com os familiares presentes sobre Kyler Prescott, mais um jovem que cometeu suicídio por não aguentar a discriminação. Cait vai então visitar a mãe de Kyler para conhecer mais a história e participa da sua homenagem.

Mãe de Kyler mostrando uma música feita em homenagem ao filho

  O reality trás alguns dados como a taxa de suicídio na comunidade transexual ser 9 vezes maior que na sociedade em geral, e a de homicídio ser ainda maior. Relata também que muitos não possuem recursos financeiros para a mudança, apoio e que é uma luta permanente.

 É claro que Caitlyn é uma personalidade da mídia e tem uma altíssima conta bancária. A realidade da maioria das pessoas LGBT é muito diferente e barra pesada, sem sombra de dúvidas. É imprescíndivel ter essa noção.

Cada um vivencia seu gênero de um jeito diferente
 E infelizmente não para por aí. Além de não gostar e não se sentir bem com o próprio corpo, os transexuais têm de lidar com opiniões e preconceitos dentro da família, do círculo de amigos, de colegas de trabalho; da sociedade. É lutar desde a primeira vez que sente não pertencer ao seu corpo. E se no final das contas o que todos querem é ser feliz, por que impedir que outros alcancem sua felicidade, sua plenitude, seu direito de ser quem são?

E isso não começou aos 18, quando fui à Tailândia fazer a cirurgia. Começou quando eu tinha 6 anos e meus pais me viram por quem eu era e me permitiram viver a minha vida.

  Isso de dizer que é uma escolha, que deveria existir a “cura gay”, que Deus criou o homem e a mulher e essa é a definição de casal, da uma família tradicional brasileira; são levantamentos que deveriam causar muito mais choque do que pessoas sendo quem são, sem matar, roubar ou cometer nenhum crime. Tanta hipocrisia, tanto ódio... BASTA! Já passou da hora do diferente e do não convencional deixar de ser criticado. Aliás, como viver tendo que pedir permissão apenas para ser quem é? Ok, ninguém é obrigado a aceitar e entender, infelizmente, mas respeitar e não cuidar da vida do outro SIM!

Eu não me sinto como um garoto. Eu sou!

Você me discrimina baseado em algo que eu não escolhi. E não posso mudar. É o jeito que eu sou.

 Creio que a etapa mais difícil, para a maioria das pessoas, é a escola. É onde experienciamos diversas coisas em nossas vidas, sendo lidar com pessoas diferentes uma delas. E descobrimos que crianças e adolescentes podem ser muito cruéis. Em todos os aspectos, com qualquer pessoa. Além desses “coleguinhas”, existem muitos professores e pessoas que trabalham no ambiente que tornam ainda mais difícil essa fase da vida.

O professor nos separava em meninos e meninas - Eu absolutamente odiava isso.
 
Olha, eu só estou confuso, ok? Ontem você estava vestido como um menino. Hoje você é uma garota.

Qual banheiro você usa? Quero dizer, se decida.

Não importa o que você vê. Você não decide por mim.


 O mundo é um lugar repleto de preconceitos, por isso não restringimos esse post à comunidade transexual, mas direcionamos a todos que sofrem pressão e até mesmo agressão. Seja por ser gay, lésbica, bissexual, transexual, assexuado, magro demais, gordo demais, alto demais, baixo demais, por questões raciais, religiosas, econômicas, políticas... é inumerável. Falta amor, falta respeito, falta compreensão, falta sair do mundinho e conhecer o “novo”. Nunca julgue um livro pela capa, pois o melhor conteúdo pode estar escondido e empoeirado, e às vezes nunca ser lido.

Não é apenas contra crianças LGBTQ, mas crianças com qualquer diferença, de qualquer tipo.

Eu iria preferir ter uma filha viva do que um filho morto

Por que a sociedade é uma grande fucking bully?

 Bom, voltando ao reality I am Cait. Assistam! Ele promete ser super humano e mostrar histórias de lutas, coragem e esperança esperamos assim. O comprometimento de Cait como ativista na comunidade transexual é uma novidade que trás mais gás para aqueles que realmente vivem na pele toda essa luta. De ser quem é, ser respeitado, não ser julgado em procuras de empregos, depender de prostituição e simplesmente ao sair na rua. O direito e dever de viver de absolutamente cada ser humano é incontestável e ninguém pode querer reprimir ou moldar outra pessoa. Pois se é errado se apaixonar por uma pessoa do mesmo sexo e mudar de sexo, odiar e levar essas pessoas à morte é o que então? 


  Encerro esse post especial com uma performance do seriado Glee. A treinadora Beiste passa pelo processo de mudança de sexo e volta ao colégio como Sheldon. Após sofrer diversos preconceitos na série, nessa apresentação foram reunidos 200 transexuais para formar um coral e nos presentear com uma cena lindíssima. Mais aceitação e amor ao próximo povo! Beijos de luz

 

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