Capítulo 198: Qual late night eu assisto?

Capítulo 197: Um novo mundo de sense8's na 2ª temporada

Capítulo 196: Cara Netflix, falta representatividade nos esteriótipos de "GirlBoss"

Quando o standup comedy ganhou espaço nos teatros brasileiros já se imaginava que o próximo passo seria a disseminação na TV do late-night show ,expressão em inglês usada para denominar os talk shows apresentados por humoristas nos fins de noite. Depois do sucesso alcançado com o extinto “Agora é Tarde com Danilo Gentili”, na Band em 2011, Jô Soares que reinou do final dos anos 80 até 2016 como único apresentador do gênero no país viu o seu número de colegas aumentar significativamente, visto que as emissoras decidiram investir de vez no gênero. São tantos late nights diferentes no ar, que a pergunta que fica é: “qual deles vale a pena assistir?”


MONÓLOGO DE ABERTURA



O momento aonde os humoristas abrem o programa é um clássico do gênero. Todos experientes com stand-up comedy, os apresentadores trazem um pouco da sua visão para os acontecimentos do dia-a-dia. O THE NOITE foca bastante em assuntos políticos, demarcando a posição editorial do programa. Apesar da zoeira com tudo e todos, Danilo Gentili já entendeu com quem está falando há bastante tempo: o público muitas vezes contrário ao humor tido como de “esquerda” e faz os mesmo comentários que seus telespectadores mais assíduos fariam no seu Facebook. O PROGRAMA DO PORCHAT pega mais leve, apesar de também comentar bastante política. Já o LADY NIGHT usa e abusa da verve anárquica de Tatá Werneck, que usa os momentos quase como uma esquete de abertura e muitas vezes usando de humor para debochar da apresentadora e do canal.




CONVIDADOS



Convidados são parte fundamental de um late night. Dispostos a participar das brincadeiras que muitas vezes ironizam os próprios artistas e as suas carreiras, eles funcionam quase como um tema para as edições desses programas. Nesse aspecto, o PROGRAMA DO PORCHAT e o THE NOITE saem perdendo em relação aos globais LADY NIGHT e ADNIGHT, que contam com todo elenco da Rede Globo + todo o resto do showbiz com muita facilidade e  são apresentados por temporada, facilitando o trabalho de trazer bons convidados. Por serem diários, os late-nights do SBT e da Record, com o esgotamento das estrelas da emissora, volta e meia apelam para entrevistas de gosto duvidoso para completar a semana de exibição.


BRINCADEIRAS

Também não é só escalar boas estrelas para as entrevistas. Boa parte da graça de um latenight está nas brincadeiras que permeiam a entrevista. São elas que viralizam na internet e mostram a tal “desconstrução” da entrevista séria que um artista daria num talk show mais sério, como o “Conversa com Bial”. O ADNIGHT contou com todo aparato técnico da Globo para criar essas brincadeiras e me lembro de poucas que realmente tenham funcionado. O LADY NIGHT aposta em várias “Tatázisses” para brincar com os convidados, jogos de improvisos e musicais já presentes em vários programas que Tatá apresentou na carreira. Os quadros divertem, mas por se repetirem quase em todos episódios causam um certo cansaço e não teriam fôlego durante muito tempo no ar. Já no PROGRAMA DO PORCHAT os quadros de maior repercussão do programa são justamente as brincadeiras. No THE NOITE, apesar do clima remeter sempre àquela zoeira do fundão na escola, a equipe afinada do show também se desdobra e apresenta boas brincadeiras.


ENTREVISTAS


Levando em consideração que o foco do formato é no humor e não nas grandes entrevistas, os quatro trazem toda a graça de si para entrevista. No THE NOITE, a forma debochada que Danilo Gentili faz as entrevistas lembra as reportagens do CQC em que ele era capaz de perguntar as maiores atrocidades com a mesma cara de paisagem - e, fora uma pergunta ofensiva ou outra, o humorista já encontrou o seu tom e leva bem as entrevistas. Tatá Werneck e Fábio Porchat trabalham juntos no Multishow e apesar de fazerem entrevistas muitas vezes sem sentido nenhum, ambos chamam atenção pelas perguntas que tem coragem de fazer nos seus respectivos LADY NIGHT e PROGRAMA DO PORCHAT. O ADNIGHT, apesar da intenção de desconstruir seus convidados globais, ainda ficou extremamente engessado na primeira temporada, não possibilitando que as entrevistas não tão reveladoras, comum nos programas do gênero, fossem salvas pelo humor.


E AÍ?


Se essa análise te deixou ainda mais confuso, não se desespere, é normal. Os programas, apesar de muito semelhantes entre si, carregam o DNA de seus apresentadores no conteúdo de uma forma muito marcante. No THE NOITE, Danilo Gentili busca trazer tudo o que o seu público deseja. Com uma audiência formada principalmente por jovens, ele não teme em usar a mesma linguagem do público para fazer graça e acabou consolidando os fins de noite do SBT, algo digno de nota, dada as inúmeras mudanças na programação da emissora. O programa apresenta quadros engraçados como o “Leite Show” e o “Adultos com voz de criança só porque é engraçado”, mas, frequentemente, apela para piadas ofensivas, buscando atingir diretamente o público que foge do tal “politicamente correto”, o que muitas vezes compromete o resultado final.

O ADNIGHT teve uma primeira temporada fraca, mas a segunda temporada, já encomendada pela Globo, buscará corrigir os erros do programa. Essa é uma vantagem do programa de temporada, já que é mais difícil mexer em um produto que está no ar. Adnet é quem tem mais repertório entre os seus colegas e sem ter que fazer um programa tão chapa branca, provavelmente vai se destacar.

Já Fábio Porchat quer trazer o seus milhões do "Porta dos Fundos" para a TV e levar as centenas de milhões da TV para seus filmes e vídeos com o PROGRAMA DO PORCHAT. Porchat deita e rola sem medo de se descaracterizar para tornar-se um comunicador popular.

O LADY NIGHT é uma grata surpresa, principalmente por ser o primeiro programa solo de Tatá. Usando e abusando dos seus recursos humorísticos, Tatá é quem faz a entrevista mais despretensiosa. Sabendo que não faz a melhor entrevista, ela brinca com os clichês dos próprios late-nights, tornando o programa uma espécie de sátira do formato. O “Entrevista com Especialista” é das coisas mais bem sucedidas do programa, renderia até uma edição mais longa.

Os quatro programas cumprem bem a proposta de apresentarem entrevistas, que ainda que sejam nada profundas, divertem o convidado e quem está em casa. A principal diferença entre eles está nos apresentadores, expoentes da "nova geração" que chegaram na TV há mais ou menos cinco anos e agora se consolidam como figuras importantes para as emissoras. Ainda que pudessem elaborar melhor as brincadeiras em alguns ou potencializar o uso da banda, por exemplo, os quatro late-nights usam bem a sua melhor ferramenta, que é o humor, para encerrar as noites da TV. Mas que o Jô faz falta, ahh ele faz!

SERVIÇO

Lady Night
Multishow, 22h30 (1ª temporada encerra nessa sexta, 12/05)

The Noite
SBT, 00h15

Programa do Porchat
Record, 00h15

Adnight
Globo, segunda temporada no segundo semestre
Depois de esperarmos uma eternidade de quase 2 anos de intervalo, a 2ª temporada de "Sense8" finalmente estreou na Netflix! Essa série é sempre bastante confusa, então, ao invés de dar explicações, vamos conversar um pouco sobre tudo o que rolou!


Eu não sei quanto a vocês, mas os meus momentos favoritos são quando os personagens centrais se unem e o drama envolve todos eles - não tratando só suas tramas enquanto indivíduos, mas sim como sensates. Nessa temporada, quem ganhou bastante destaque foi a Sun e sua busca por vingança/justiça. E se nós amamos? MUITO!

Sun é atacada na prisão por policiais pagos para matá-la, a mando de seu querido irmão. Que cena meus amigos! Sério, só a cena do enforcamento de Sun, que acaba sobrando para todos os outros 'sense8s', já valeria a temporada. Teve muita agonia e uma plasticidade mágica. Se tem uma coisa que ninguém pode reclamar, é dos artifícios artísticos da série!


Por sorte, uma senhorinha amiga de cela de Sun sente que algo iria acontecer e chega na hora para ajudar a moça. O BERRO QUE EU DEI Assim, Sun finalmente consegue fugir da prisão! E se presa ela já arrasava, não preciso nem dizer o quanto ela sambou nessa temporada né?

Ela ainda se envolveu com o detetive Mun, entre muitos tapas e pouco beijo SHIPPAMOS HARD

Will e Riley continuaram sofridos, vivendo escondidos do Sussurros e com o ex policial tendo de se tornar um viciado em drogas para todos eles sobreviverem. Mas nesta caçada, nossos sensates também estavam espertos para surpreender Sussurros e sua facção criminosa boladona. Foi interessante como esse jogo de gato e rato se desenrolou e as reviravoltas que ocorreram!


Lito teve sua sexualidade e seu romance com Hernando expostos, e agora, tem de lidar com as repercussões. O rapaz vê seu sonho de ser ator desmoronando e, mesmo nos proporcionando vários momentos fofos e divertidos de 'drama queen', ele possui uma amiga fiel disposta a lutar por sua carreira, Dani Velasquez, everybody! Que trio da p*rra, viu!


Ah, claro que não posso deixar de lado a visitinha do trio ao Brasil! Lito foi convidado para a Parada LGBT de São Paulo e, lógico, que todos estavam presentes no trio elétrico mais heterogêneo e plural da Terra!

Esse ser ali no meio da multidão merece ser reconhecido pelo seu golpe visual, lacrou

Seguindo para outro casalzão, vamos de Nomi e Amanita! As duas seguem escondidas também, vivendo no barco de Bug, amigo hacker de Nomi. E posso dizer? Amei este novo trio! Até com o pessoal do Anonymous eles se metem! E além de toda essa caçada hacker, Nomi também tem de lidar com o casamento de sua irmã, Teagan, e com o preconceito de seus pais. Eu estou aqui tentando não dar muitos spoilers sobre a trama de cada um, mas agora não vou resistir... O que foi o pedido de casamento de Amanita para Nomi e Nomi para Amanita? AAAAAA ~lágrimas~


Capheus também encontrou o amor. Ele começa a namorar uma repórter que o leva para um caminho inesperado. Com a situação lastimável de onde vive, Capheus vê a oportunidade de poder mudar a vida de seu povo, entrando para a política. Mas ele enfrenta um grande político que não deixará as coisas tão fáceis assim, colocando em risco, inclusive, sua vida.


Kala tenta seguir sua vida de casada com Rajan, mas está cada vez mais apaixonada por Wolfgang e ambos não conseguem esconder o que sentem. Enquanto ficam nesse chove não molha até que molha, e muito!, os dois passam por momentos difíceis em suas vidas. Rajan mantém segredos que podem por sua vida e a de Kala em risco, enquanto Wolfgang está se metendo em confusão com um empresário poderosão, traficante em Berlim nada novo para ele e Felix este dilema, né.



Agora vamos deixar os problemas pessoais de cada um de lado e falar sobre o de todos. Se Sussurros faz parte de uma grande organização, a OPB (Organização de Preservação Biológica), é porque este trabalho requer muitos esforços e também porque existem muitos sensates, e chegou a hora de conhecermos alguns! Riley se conectou com dois novos sensates, em uma rave que tocou, o que foi ótimo para eles, pois conseguiram mais informações sobre a OPB e também descobriram que Sussurros era apenas como Angélica o chamava, mas Canibal é como os outros sensates chamam o Dr. Matheson - muito camaleão ele sim, com vários nomes na praça.

Já Wolfgang não teve a mesma sorte de Riley; ele se conectou com Lila, a namorada do mafioso que ele começou a trabalhar. A moça infernizou a vida do rapaz desde o momento que apareceu - essa não sabe levar um fora - e foi até as últimas consequências para prejudicar Wolfgang e o seu 'cluster'.


Olha, "Sense8" é uma série complicada que exige sua atenção total na hora de assistir, e às vezes nem assim você entende tudo o que tá rolando nesse universo. Mas não foi só isso, o final, comparado à toda esta temporada, deixou a desejar. Vou explicar o porquê de ter esta opinião.

AGORA COMEÇAM SPOILERS PESADOS, ENTÃO SIGA COM CAUTELA!

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O Wolfgang foi capturado pelo Sussurros e entregue em uma bandeja pela cobra da Lila. Nisso, o rapaz foi torturado para que seu subconsciente entregue para a OPB quem são os outros sensates do seu 'cluster', além de Will e Riley, e onde eles estão. Até aí, ok! Mas depois tudo vira uma bagunça! Will brota na sala onde Sussurros trabalha e o surpreende, todos eles estão juntos em Londres já executando um plano para recuperar Wolfgang e sequestrar Sussurros.

Nós somos o Hernando e a série é o Lito
Gente, como o Will brotou lá na sala? Se ele sabia onde o Sussurros estava, por que não atacaram antes? Como ele entrou lá tão de boa, livre, leve e solto? E cada sensate vive em um país, aí todos eles chegaram ao mesmo tempo em Londres? Ah, sentá lá, Cláudia! Sem falar nessa treta do Jonas ficar em cima do muro e a Angélica que nunca sei se foi boa ou ruim... O final ficou super jogado, nada fez sentido, mesmo deixando um ótimo gancho para a próxima temporada, que tem que acontecer! Minha reação foi bem essa abaixo.


O que vocês acharam da nova leva de episódios? Os sensates vão dominar o mundo dos sapiens? Bom, agora é esperar pela confirmação da terceira temporada (que tem rumores de ser a última), torcer muito para que ela não demore quase 2 anos novamente e para que, um dia, tudo faça sentido para a gente!



Cara Netflix, vocês tem um atendimento ótimo, produtores de conteúdo MARAVILHOSOS, são muito criativos, nós sempre a elogiamos. Mas foi triste ver a ação publicitária para a série "Girlboss". Eram 4 blogueiras, todas BRANCAS, falando sobre ter atitude e todas essas coisas que estão na moda. Atentem-se para uma coisa: o Brasil é um país em que mais de 50% da população é negra, dentre tais, há muitas mulheres dentro da ideia de "Girlboss" (neste caso: empoderadas, empreendedoras e afins.) Não seria o caso de uma curadoria com um olhar mais amplo, cuidadoso e, principalmente, menos dentro dessa caixinha que insiste em invisibilizar mulheres negras?


A gente entende que existe uma lógica capitalista e que empoderamento e afins são a bola da vez, mas bora tentar segurar melhor esse discurso, hein? Ou ele só é válido quando falamos das outras minorias? Olha, esse foi mais um exemplo para, mais uma vez, mulheres negras sentirem tudo o que as meninas de "Dear White People" relatam. Assim como elas, seguimos resistindo.


Vale dizer que quando questionada (via comentário no Facebook) sobre o fato, nossa amada Netflix, que sempre é tão rápida em responder, ignorou o comentário*. #SadButTrue

Um outro ponto importante: criticar a postura da empresa não invalida o fato das meninas escolhidas serem profissionais maravilhosas. A questão não é quem está, mas quem falta! ;)


Cara Netflix, caso vocês não saibam, temos muitas mulheres negras incríveis no YouTube. Porque ser "Girlboss" - no melhor sentido da expressão, para muito além da personagem - negra no Brasil é sinônimo de resistência e persistência.

Seguem os links de alguns canais ótimos:

Nataly Néri: https://www.youtube.com/watch?v=RxwEm8i3Kzg
Gabi Oliveira: https://www.youtube.com/channel/UCF108KZPnFVxP8lILiJ1kng
Xan: https://www.youtube.com/channel/UCs-YXTZrJfI9AUYjNK3vY1A
Fernanda Chaves: https://www.youtube.com/user/nandha2
Joyce: https://www.youtube.com/channel/UCt-IHig4ODpdf5YdZjrc4IA

Finalizamos com aquele ditado: "Desapontadas, porém não surpresas".





*Até o dia 08/05, não havia resposta para o comentário. 

A maravilhosa série "Bates Motel" chegou ao seu fim, na 5ª temporada, no final do mês de abril. Como muitos sabem, a trama foi uma adaptação do clássico do cinema "Psicose", o que rendeu olhares curiosos e empolgados desde a sua estreia. Falando por mim e por pessoas próximas, ela não decepcionou em momento algum ao entregar aquilo que se propôs sem se perder: a relação entre Norma e Norman, muito além do fatídico episódio explorado no filme.


A 5ª e última temporada gerou muita expectativa por ser o momento em que a série retrataria a narrativa presente em "Psicose". Ou seja, Norman receberia no Bates Motel uma secretária que roubou uma grande quantia em dinheiro de seu patrão para viver com seu amante. Trata-se de Marion Crane. Em ambas as narrativas, esta história acontece. Mas, no seriado, tudo está ligado à Norman.


Em "Bates Motel", Norman se encanta por uma vendedora chamada Madeline Loomis (muito parecida fisicamente com sua mãe, Norma, que já está morta nesta temporada, mas continua vivendo na cabeça do rapaz em seu distúrbio de personalidade). Madeline é casada com Sam Loomis, que possui um relacionamento extraconjugal com Marion! A secretária não sabe que seu amado é casado e se abriga com o dinheiro roubado no Bates Motel.

Pausa para dizermos que Marion foi interpretada por ninguém menos que Rihanna na série! Após a cantora e também atriz se declarar fã, ela foi convidada para estrelar a personagem tão importante na narrativa audiovisual da década de 60! Totalmente repaginada e cheia de atitude, RiRi nos rendeu uma Marion bem diferente e ousada!


Norma e Norman sempre tiveram uma relação difícil quando o assunto era um dos dois envolvidos em qualquer outro relacionamento. Essa cumplicidade maternal beirava a loucura e se rendeu à ela quando Norman tentou matar ambos, mas só Norma acabou morta toda vez que alguém se aproximava de um dos dois. Esta Norma, fruto da cabeça de Norman, não tolerava os sentimentos do filho por Madeline, por alguns motivos - neste caso, pelo medo obsessivo de perderem um ao outro para outra pessoa, o ciúme pela semelhança física de Madeline com Norma jovem, e a semelhança na relação do casal Loomis com Norma e o pai de Norman, um relacionamento abusivo e frustrado.

Todos estes fatores levaram a icônica cena do chuveiro de "Psicose"!

aquela musiquinha famosa 'pã pã pã pã' no fundo, por favor

A dúvida, então, pairava no ar: quem seria a vítima da famosa cena do chuveiro? No filme, é onde Norman ataca Marion, vestido como Norma e conhecemos a mamãe Bates. Mas, na série, quem possuía as semelhanças físicas com Norma era a personagem de Madeline, então a dúvida estava muito bem construída.

E, para nossa surpresa, nenhuma das duas foi a vítima! Aliás, Norman também não estava vestido como Norma. A mãe estava presente em seus pensamentos e o levou a cometer este assassinato. Foi a primeira vez em que Norman sabia que quem estava matando era ele, e não sua mãe! Ah, e a vítima? Quem causou todo o sofrimento na vida de ambas as moças, o marido e amante: Sam Loomis. PÃ

Que se dane, não vim aqui para morrer não. Respeita meu banho

A série soube driblar toda a expectativa por este ápice na narrativa, surpreendendo e mantendo o sentido na história. ~palmas~ Mas muita água ainda iria rolar até o series finale! Após se refrescar com esta chuveirada, o circo começou a fechar para Norman.

Norma tomou conta completamente da cabela de Norman, para tentar salvar o garoto da prisão, o que não aconteceu. Os corpos que 'mãe e filho' haviam escondido por algum tempo começaram a ser encontrados e tudo estava caindo sobre Norman. O único disposto a defendê-lo e a ver sua necessidade em ser tratado em uma clínica para doenças mentais era seu irmão, Dylan. Mas quem poderia impedir Romero de se vingar do garoto por ter matado seu amor, Norma?


Romero deu a louca! Ele invadiu a delegacia, onde era o xerife em tempos de bonança, e sequestrou Norman. Ambos seguiram para onde Norma estava enterrada - na neve, toda azul, e certamente com um cheiro de flores mortas após ficar rodando de lugar em lugar depois de morta. Romero deixa se levar pela emoção quando vê Norma e esquece que um psicopata está na companhia dos pombinhos de outrora. Ele deixa a arma nas costas e fica lá abraçando Norma, então já sabíamos que não acabaria bem, né? Mas Norman é 'old school', mesmo depois de ter levado uma surra, ele pega um pedrão e acerta Romero diversas vezes, até finalmente pegar a arma e fazer outra vítima.

O episódio final foi bem nostálgico e trouxe flashbacks que intercalavam com a narrativa atual. Cenas de quando Norma e Norman se mudaram para o Motel, com a esperança de recomeçar. E é nesta fantasia que Norman se prende. Ele volta para o Motel, com o cadáver de sua mãe, e começa a viver tudo novamente. É como se sua mente tivesse apago tudo e ele tivesse voltado no tempo. E aí temos o confronto final entre os irmãos. Família unida e a sanidade colocada à prova.

  
Dylan tem de acabar com a ilusão de Norman e joga toda a verdade em seu irmão, dizendo mais uma vez que ele precisa de ajuda. Mas Norman se recusa a abandonar a mãe. De um lado, Norman com sua faca; do outro, Dylan com sua arma. E é assim que mais um Bates morre. Norman vai ao encontro de sua mãe, em uma cena muito bela e tocante.


A série fez um trabalho primoroso ao construir muito bem os fortes laços entre Norma e Norman, protagonizando sua história. Não sei como os fãs do filme se sentiram, mas particularmente acredito que foi uma narrativa ótima de ser contada desde o seu início, antes do Bates Motel ser criado e das vítimas antes e após Marion Crane (no filme) padecerem. A série conseguiu manter todos os acontecimentos bem interligados ao longo de suas suas temporadas. E, ao chegar na 5ª, que é quando a história do filme foi retratada, não pecou e não se acovardou. Ousou e trouxe um frescor do século XXI em todos os aspectos. Sem falar nas atuações impecáveis de Vera Farmiga e Freddie Highmore, nos enlouquecendo e nos fazendo amar seus personagens em todo a sua maluquice!

Nos despedimos desta ótima série com esta fotoca linda, e contentes por '"Bates Motel" ter adentrado a narrativa de "Psicose", mesmo não tendo se rendido à ela - mas sim, tendo contado sua própria história. E vocês? O que acharam desta finale?






  
Todo mundo conhece aquela pessoa que passa horas e horas assistindo a séries e filmes na Netflix. Esse texto não é para essas pessoas. Chega de textos com o "uso excessivo" de tecnologias como forma de diagnóstico. Quem quiser visitar diversos mundos, por horas, tem mais que o fazer mesmo!

Agora, e quando você pede indicações de entretenimento audiovisual que "estejam na Netflix"?

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"As transformações que a Netflix trouxe são diversas". Apesar de muitas pessoas concordarem com isso, as duas maiores mudanças - ao meu ver - construídas pela empresa são as que tangenciam uma experimentação dos modelos de distribuição audiovisual capitalizável na "era digital" e a atenção aos conteúdos simbólicos os quais produzem.

No que se refere ao segundo ponto, realmente a Netflix se posiciona constantemente como pensante de suas representações e como tais podem/devem construir o mundo. Já sobre o primeiro aspecto, qual setor da sociedade tem os interesses atendidos a partir dessa "grandiosa" percepção?

Vale a pena ressaltar que tais transformações não são decorrentes da Netflix, não são revoluções, mas, sim, parte de um processo longo (e de necessidade óbvia) que, entre seus galhos, tem a empresa de streaming. A Netflix está inserida no contexto, e não o contrário.

A outra opção de acesso existe há bem mais tempo do que é oferecido o sistema de streaming pela empresa: chama-se download. Era assim que conseguíamos os episódios das séries que saíam fora do país e iam demorar meses pra chegar, como também era assim que podíamos decidir quando gostaríamos de assistir e ao que assistiríamos.

Além disso, ou melhor, em torno disso, formaram-se grandes coletivos de pessoas de diversos lugares do país, que se juntavam para uploadar episódios, fazer legendas (muitas vezes no mesmo dia em que as séries iriam ao ar), recolocar arquivos no ar depois que alguns eram retirados pelos "donos", e por aí vai.

Em uma fala para o Festival Internacional de Televisão de Edimburgo, em 2013, Kevin Spacey disse:"dê às pessoas o que elas querem, quando elas querem, na forma que elas quiserem, a um preço justo e é mais provável que paguem por isso do que roubem". 

Clearly the success of the Netflix model, releasing the entire season of House of Cards at once, proved one thing: the audience wants the control. They want the freedom. If they want to binge... we should let them binge.... And through this new form of distribution, we have demonstrated that we have learned the lesson that the music industry didn't learn: give people what they want, when they want it, in the form they want it in, at a reasonable price and they'll more likely pay for it rather than steal it. Well, some will still steal it, but I think we can take a bite out of piracy.

Em muitos pontos isso se mostrou verdade. Por outro lado, não vamos fingir que todo mundo pode e tem Netflix. E o que começa a ficar preocupante, com essa cultura do streaming que vai se moldando em torno de uma empresa, é que o "controle" que a audiência tanto almeja por decisão dentro da programação acabou enfraquecendo. Quantas séries e filmes a gente deixa de assistir por não estar no catálogo da Netflix, quantas a gente só assiste porque estão?

"Ah, mas Westworld eu baixei". Esse é meu ponto, isso não é descobrir algo novo ou realmente se permitir ir além. Nem se compara àquela série pequena que uma amiga te indicou que pouca gente vê e nem tem com quem comentar, mesmo sendo maravilhosa. Você conhece essa sensação?

Não é uma crítica ao uso da plataforma, quem já leu textos meus sabe que sou, inclusive, um grande fã. Enquanto ela nos pode facilitar é muito bom, que ótimo ver que tal série está na Netflix. Mas é uma crítica à acomodação, o de só conhecer o que ela oferece; ao único contato ser através dela.

A empresa achou um ótimo jeito de capitalizar a partir do digital; mas nos afastou de uma cultura da pirataria que tinha outros planos para como as informações deveriam circular, como elas seriam cobradas e como deveriam se dar suas formas de distribuição - principalmente, em seu aspecto de produção não privada. E isso vale a pena ser pensado.


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Você pode assistir ao vídeo do Kevin Spacey no Festival Internacional de Televisão de Edimburgo e ler uma outra reflexão sobre pirataria clicado aqui: Techdirt.

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