"Girls" é uma série com a qual sempre me relacionei de uma maneira peculiar. A maioria das pessoas com quem converso parece adorar: desde as personagens, passando pelos acontecimentos, até a (que eu também assumo) maravilhosa trilha sonora.

E, juro, não é que eu não goste. Mas é uma série que traz um sério incômodo pra mim. Constante. E desde a primeira temporada! Mas foi só agora, assistindo ao começo da quinta temporada, que eu consegui entender mehor meu pensamento para conseguir explicitar.



Antes de apontar a pulguinha que acompanhou todas as temporadas comigo (e além do fato do texto vir de uma pessoa de Libra e eu precisar balancear meus argumentos), também acho importante colocar alguns pontos que precisam ser reconhecidos em "Girls".

É aparente o impacto que uma narrativa feminina própria carrega em relação à representação da mulher; diferente dentro do comum, Lena Dunham tem o trunfo de sua escrita: o roteiro problematiza, a partir das quatro amigas, diversos aspectos das inseguranças, desejos e problemáticas pelas quais jovens adultos pessoas têm que passar.
E ganha muito por colocar várias vozes dentro de um discurso, mas não carregados dos mesmos sentidos; o que faz a gente sofrer muito com as personagens e as decisões diferentes que têm de tomar.

Também é uma série que não quis empregar tabus ao lidar com o sexo; ao invés de fingir que uma relação sexual acontece como no mundo de Hollywood, "Girls" já explicitou, em diversos momentos, mais do que apenas o gesto, mas posições fora do imaginário comum da televisão, corpos que questionam os padrões e momentos que por parecerem tão individuais, na verdade são um laço de identificação com quem vê.


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A ideia que eu quero discutir aqui é ainda um pouco mais dentro da trama entre as personagens. Quando eu assisti à primeira e segunda temporadas, eu não conseguia entender o que é que não me permitia ser fisgado pela série como as outras pessoas pareciam estar. 

E isso foi me acompanhando, enquanto eu alegava que era "porque todos as personagens são muito estranhas" e as pessoas me respondiam que era por isso que elas se identificavam tanto. Eu achei que fossem os momentos, mas não, eu também gosto muito dos acontecimentos da série. Achei que pudesse ser o ego da Hannah, mas também foi algo que aprendi a amar e a pensar. 


“I’m not being too much, I’m being just enough.” Tonight on Girls: http://itsh.bo/GirlsEp4Preview

De repente me veio um estalo, enquanto assistia ao primeiro episódio da quinta temporada - que se passa no dia em que a Marnie vai se casar. Ali eu entendi o que era aquela mosca que me circulava durante todos os episódios da série.

Enquanto a Marnie está neurótica, porque é o dia do seu casamento e ela já é extremamente controladora e perfeccionista, Hannah está preocupada com essa decisão da amiga e sempre muito concentrada em si mesma e como isso a afeta. Shoshanna veio do Japão e, apesar de estar lá por ela(s), também parece alheia e desanimada com o encontro - com as amigas -; e, finalmente, Jessa entra no quarto dizendo que tomou um banho nua no rio e depois correu ao relento para se secar. Ao perceber a agonia da noiva, completa dizendo que vai ficar tudo bem. Mais tarde, ela conta todo esse causo para o Adam e completa frisando como ela ficou feliz em poder ajudar.


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Vocês não acham um pouco amargurante a comunicação entre as personagens? Foi isso que eu finalmente encontrei palavras para dizer. Todas elas conversam tanto e em nenhum momento eu duvido da amizade e do carinho que sentem (e isso inclui também as outras personagens). Mas, ao mesmo tempo, me tortura sentir que todos estão se entendo parcialmente.

Todas elas colocam coisas pra fora carregadas de subtextos inconscientes que são então perpassados pelos subtextos das outras e, então, um linha de pensamento que estava sendo colocada por Marnie, e já estava escondendo um monte dela, se desemancha ainda mais ao passar por Hannah que ouve o que ela diz, mas a partir da sua própria experiência e do que aquilo diz respeito a ela.




Não acho que isso seeeeeempre aconteça, mas várias vezes já notei. E, às vezes, parece que o que era pra ser dito não foi e o que não era pra ser dito, foi. E ainda vai mais pesado do que o pretendido.
E adoro também como isso funciona como um super retrato da vida, e uma coisa que acontece o tempo todo com nós mesmos. Mas nessa série fica tão forte..! É bom e ruim. Mas me pinica com certeza.


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